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terça-feira, 27 de novembro de 2007

PÁGINA 161

Página 161

Desafiaram-me com a devida ressonância.

1ª) Pegar um livro próximo (não vale procurar);
2ª) Ir até a página 161;
3ª) Procurar a 5ª frase completa;
4ª) Postar essa frase em seu blog;
5ª) Não escolher a melhor frase nem o melhor livro;
6ª) Repassar para outros 5 blogs.

E publico o resultado:

"Manuel enrolou a muleta para o touro."

In: Contos de Hernest Hemingway / tradução José J. Veiga. R.J: Bertrand Brasil, 2006.


Esse desafio bate-e-volta, volta ao desafiante, poetaço (mistura de poeta e cabaço) J.B, ao combatente do Baú da poesia, a Casa de Paragens (Rubens da Cunha), para uma criança, e para uma outra desconhecida viciada (conhecida) que descobri por aí.

José Eduardo Calcinoni

FARO

Um instinto alto do prazer
debulhado por vasto trago
atitude similar

[peixe magro]

Caminho destilado de versos
silencia o lago
demolidor de pétalas

[olho de gato]

Nuvem magra, dispersa
ofuscante faro
brinde de água benta

[cheiro de mato]

NECROSE

Há uma saída [tentando sair]
(dúvidas encrustadas)
à espera de coragem

há um momento,
 perdido (acolhido)
à espera do achado

há um pecado dormido (amanhecido como o café frio)
à espera da viajem

há uma dúvida pregada (estaqueada)
à espera que a  ferrugem corroa

há um estranho no ninho (profano)
à espera do novo alibi

há sangue pulsando (alta pressão)
à espera da navalha

há um poeta, ressentido [quase necrosado]
à espera de coisa qualquer


terça-feira, 25 de setembro de 2007

ALGUNS LADOS (MOLDADOS)


Ao lado, nada mais que um gesto simples, dando a entender o que ali se estranhava. Nada menos que o mais simples, pensando em entender o como se entendia. Possibilidades impossíveis, transportando  bagagem maior do que suportava. E mesmo quando estranhava, esperava e suportava, estava sempre ao lado.



ME, MIM, COMIGO; SE, SI, CONSIGO...

Esses dias pensei comigo

e de tanto pensar,

nem lembrar eu consigo.


...

CONCLUSÃO (AINDA QUE AS VERDADES SEJAM MENTIRAS E AS MENTIRAS SEJAM VERDADES)

Algumas verdades são tão inúteis,

que sempre quando as digo,

penso que estou mentindo!


...

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

FUNÇÃO

De todas as palavras ditas, apenas uma, somente, foi realmente ouvida. Nada que se falasse naquele momento seria tão relevante quanto aquela única palavra. Cantou-se músicas, leu-se poesias, rezou-se, mas nada, absolutamente, podia substituí-la. Porém, como nada é insubstituível, durou-se apenas aquele momento, e depois vieram outras palavras, em outros momentos, insubstituíveis.


...

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

ESPAÇO EDUARDO GALEANO


OS SONHOS DO FIM DO EXÍLIO/3

As lentes dos óculos tinham se quebrado, e as chaves tinham se perdido. Ela buscava as chaves pela cidade inteira, às cegas, de joelhos, e quando finalmente as encontrava, as chaves diziam que não serviriam para abrir suas portas.

extraído do Livro dos Abraços


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quinta-feira, 20 de setembro de 2007

novo, de novo?


O novo
não é mais novo
não tem nada mais
nada de novo
tão novo quanto
a velha dúvida:

Quem nasceu primeiro:
a galinha ou o (n)ovo?


terça-feira, 24 de julho de 2007

Casos e acasos

Acaso nada poder
podendo causar nada
nada poderá causar

Acaso restando nada
restando nada causar
nada causará restar


quarta-feira, 13 de junho de 2007

TRUQUE


(!) Dormiu sortido (...)

(!) Sonhou azarado (...)

(!) Acordou embaralhado (...)

(!) Tomou café descartado (...)

(!) Escovou os dentes-coringa (...)

(!) Vestiu às de copas (...)

(!) Encarnou mais uma de suas caras-de-paus (...)

(...) saiu à procura de emprego(!?)


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MOVIMENTO

Uma montanha se moveu
[pensamento honrou-mérito]


...objeto moveu
[cartas desmancha-castelo]


...olhar moveu
[enviou mensagem-despautério]


..veia moveu
[coração bate-martelo]


...sentimento moveu
[mostrando instante-belo]

segunda-feira, 14 de maio de 2007

CRIVO

Dentro de toda indiscrição submissa do compromisso altivo e relapso, existe uma severa corrente que produz intolerâncias e discrepâncias relativas.


O complexo é que na alteridade relativamente composta de vicissitudes e turbulências acromáticas, sempre há por vir uma emblemática e solucionática versão.


O fato se escriva do percurso ambulante, podendo em pequenos instantes desvincular a faculdade de racionar do paraíso elevante da insanidade mental.


A possibilidade se altera aos fatores premunidos de aceitação, e eleva o conteúdo estabilizado ao estado de dormência, descobrindo assim, que o caminho inutilizado mais provável nem sempre é o extremo do caminho convencional.

segunda-feira, 23 de abril de 2007

OSSO E BAGAÇO

Se, destas frases tolas que ouço
houver apenas um trago
da poesia suja que me alimenta
poderei ao menos brindar
a incoerência destes fatos
poderei apenas destilar
o run da ignorância
poderei apenas desligar
o aparelho da sentença


Se, destes olhos fracos que enxergo
houver apenas uma dose
da percepção que me orienta
poderei ao menos escapar
da impotência dos fatos
poderei ao menos segregar
o frasco, a fragrância
poderei ao menos distanciar
o espelho do meu rosto


Se, destas poucas palavras restar apenas eu
fico eu sendo resto delas


fico eu sendo o osso
fico sendo eu o osso e o bagaço

domingo, 22 de abril de 2007

ESPAÇOS VAZIOS (ACIMA DE NOSSOS PÉS E ABAIXO DE NOSSAS CABEÇAS)

Além dos olhos que me guiam todos os dias, e das lembranças fartas de misericórdia, vi, através do mais simples desejo, novas formas de desfrutar diminutos espaços.

Entregue ao compasso desvinculado da razão, saltei sobre a valeta que criava uma divisão em torno de minhas decisões.

Em todos horizontes foi possível descobrir falhas. Espaços vazios camuflados. Lacunas invisíveis. Portas sem trinco. Lugares sem endereço. Palavras ausentes de som e forma.

Diminutos espaços: quase desfrutados.


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segunda-feira, 9 de abril de 2007

LENTAMENTE

Se o olho não falasse além
e a lentidão que causasse o sentido, porém
não causasse-o somente,
e além não falasse freqüente
todo ser seria existente
no momento, sentido diferente
causar-se-ia uma lombeira
no olho do sentido ausente
que da lentidão de sentir além
lentamente o deixaria crente


domingo, 18 de março de 2007

CUSPE (AINDA MESMO QUE SEQUE A SALIVA)

Ventre sedento gozado de flores


saia do tempo teu


cuspa fora teu caos de amores



...

SER (NO AMPLO SENTIDO DO QUE SE PODE SER)

Se ao menos estivesse sendo


brincando de ser nesse mundo pequeno


todo ser seria sereno


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PERTO-PASSO (PASSANDO À PASSOS LENTOS)

Aperte o passo

passe por perto

por passe-apertado

passo-alerta

passo-aperte

passado por perto

Aperte: passo-forte

passaporte-alerta

passa: porta-apertada

por passado perto

pé-par, por perto

Passo, posso, peça

apertando o passo

pé por perto

passado perto passo

pequeno ex-perto


...

INCIDENTE

Do que vivi, não peço-me desculpas
Do que deixei de viver, acato como potencial
Crio-me ao acreditar na capacidade do entendimento [mesmo sem entendê-lo]
Faço-me de prosas e versos, palavras sintéticas


Sou poeta, na mais pura incompetência de escrever
Numa auto-investigação,
Na psicografia do meu inconsciente
Escrevo-me, sem saber o que escrever


Provoco-me num absorvente sentimento
Falsa intimidade, farta em detalhes
Desdobrada pelo bel prazer de transformar
Escrevo porque organizo meu submundo
Concilio-me com meus fantasmas


Reconstruo-me nas consoantes e vogais
Destroços de verdades naufragadas em correções ortográficas
Que consolidam a quilha do meu barco literal
Veda os furos um a um
Criando um possível acidente na inquietação de minhas idéias

VIDE BULA

Não fuja do que tu és. Acalme-se. Busque a vida que a vida lhe buscará. O segredo não está em ir sempre mais fundo no imenso lago. Ele pode estar em vários lugares ao lado de onde você sempre existiu. Em profundidades tão rasas quanto a superfície.


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quinta-feira, 1 de março de 2007

terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

ROSAS E PROSAS NO VERSO

Rosas e prosas no verso
exaltantes olhos brilhantes
lábios cortantes e incertos
distraindo momentos-intantes



Essência central descentrada
unidade do universo-sentimento
necessidade de purificação travada
finito-infinito em momentos



Impulso irracional insatisfeito
necessidade tragicamente enganosa
finalidade fundamental de direito
fábula fascinante em prosa



Crítica irredutivelmente realista
alienação de desejos e esperanças
enigma da existência monoteísta
hierarquia-guia do homem-criança



Pleno, autêntico e carnal
redutor propositalmente ofuscado
direção especulativa anti-material
encontro sálvico consagrado



Perpectiva pessimista e conflitante
série de contradições inextricáveis
fraternidade universal intrigante
fecundidade de gerações implacáveis



Limitante da liberdade alheia
inesperança sem lógica e sujeição
impessoalidade celebrando ceia
ao bem, à beleza, doce-paixão



Ciência sem ciência, universo latente
paixão-tendência da ação imoral
caridade oculta: quando não se entende
repouso de paz, além-carnal



Lealdade sagrada, força da profecia
condução à vida bem-aventurada
indiscrição sedativa da noite-dia
posse inevitável, frustrada



Finalidade principal da lei divina
semelhança com efeitos submersos
manual de poesia que ensina
rosas e prosas no verso

...

DÍVIDAS

Frisei as garras do ódio


fiz do medo ópio

joguei fora verdades


destilei-me à cortes


Apostei todos dados


vinguei soluções

sem saber os problemas


desfragmentei meus átomos


Tudo fez-se de conta:


e as contas todas foram pagas
...

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

ELO

Suficientemente, tua presença me habita


Não sei onde tu estás


mas sempre chegas até mim.



...

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

VIDA DO EU

Mais um dia na vida do Eu:


um sonho assim nasceu
sem Ninguém desconfiar


mesmo Ninguém sendo Eu
Alguém foi alcançar


Sonhou assim como Eu
mas Ninguém quis acreditar


que Alguém assim como Eu

pudesse assim sonhar


Então, mais um sonho na vida do Eu

foi se realizar


Sem Ninguém atrapalhar

sem Alguém mal olhar


Do sonho que assim nasceu

só restará


Ninguém, Alguém


assim como Eu

DO MAR...

Mar imenso-aberto
ondas destino-coração
gosto sabor-mistério
sonho em mãos pegá-lo


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O mar é como se fosse proporcionalmente o inverso de um soro caseiro:

já possui a água com uma colher de sal,
esperando-nos como uma pitada de açucar.


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O mar

sete ondas numa vida
seio farto
mar
horizonte despedida


---------------------------------


Mar
pai-avô-filho
lembrança-rede-peixe
segredo-morte-vida
remédio-olho-alma


...

A epilepsia de um tom qualquer

Mãos nas cordas
cordas vocais não falham

notas, passam, passam
suaves, agudas, estranhas

relaxo em si
espelho do sol
ardente sem dó

(enquanto isso)

eletrizam escamas dormentes


...

SERÁ?

Se tudo pode ser

tudo pode poder ter

na esperança do que será?

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

OUSADIA

Brinde ao som das borboletas
pairando sobre a gravidade
estetizando céu adentro
desenhando o ar
desfrutando liberdade

E para os leigos:
Quem ousará dizer que foi lagarta?

terça-feira, 30 de janeiro de 2007

DA SAUDADE...

Saudade corta-lábios
beijos boca-tesão
cheiro mel-suor
desejo pecado-carne

************************

Saudade é o tempo
tempo que não passa
enquanto passa o tempo

************************

Saudade morta-mata
sentido vivo-viva
sentido morte-mata
saudade vide-vida

************************

Saudade
espinho crú de nervo e calo
pote d'água sem gargalo
Saudade
truque de carta fora do baralho

************************

Saudade
lembranças cristalinas
bomba sem efeito moral
ineficácia do poder
saudade
hino impossível de esquecer


segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

GOTAS DE ORVALHO

O sol se revalida
 ao céu pede carona

enquanto caem gotas de orvalho

sobre pés descalços
rachados pelo esforço diário

quando nada mais se encanta
sob a totalidade nada se distrai

me lembro quando criança
brincar de olhar o sol nascer
ao longo da mansidão

luz que irradiava
aquecia a alma

enquanto isso
 caiam gotas de orvalho

sexta-feira, 26 de janeiro de 2007

TRANSE 3 (UM DIA, DEPOIS DA CRIAÇÃO)


Descendo ao paraíso 
profundamente imaginário,
comi a maçã 
arrotei Eva.


CAMUFLAGEM

Escalei o morro dos sonhos
procurando o paraíso


no primeiro dia
o pecado bateu à porta
entrou aos olhares primeiros
conspirou sob dermes e salivas
abusou do meu eu


Sussurrou pelos lábios dela
transpirando prazeres


E como fiel seguidor dionisíaco
não rejeitei-me ao acaso
bulinei-me corpo e mente
afoguei meu ego


demasiadamente afinei meu instinto
no mar vermelho da sedução
mergulhando entre libidos e ilusões
fascinando aparentemente minha razão
que se destruía com a metástase ardente

e assim foi
camuflando-se
entorpecendo-me com o gosto passional do desejo


segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

REFLEXÃO - DESENCADEADO

Procuro não prender-me a um só estilo. Prefiro arriscar-me ao anticonvencionalismo, ao pacto com as idéias não-concebidas e aparentemente distantes. Acredito que o grande barato da poesia é ausentar-se de regras. É tão fácil copiar estilos ao invés de tentar criá-los, encontrar erros ao invés de tentar entendê-los, calar-se ao invés de arriscar-se, dificultar-se. Tão cômodo ter senso comum. O experimentar pode ser a chave para a inovação perceptiva, desencadeando uma abertura atemporal de qualquer estabilidade racional.

José Eduardo Calcinoni

OUTROS

Outro este? Porque não?
Se acaso fosse outro, igual não seria?
Se igual fosse outro, como explicaria?
Cópias? Outros como outros?

Mas se outros como outros:



A essência sobreviveria?


quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

RESPOSTA

Essa fonte de idéias que gera a arte de escrever nem parece às vezes que é inesgotável. Os black-out's mentais ocorrem freqüentemente no cérebro poético. Há horas, dias, meses, que às vezes passam em vão. Mas será que realmente passam em vão? Muitas idéias precisam de um período mínimo de gestação, seja no inconsciente, ou seja, informações já escritas e armazenadas. Assim como as fétidas fezes de alguns animais se transformam em poderosos e incomparáveis adubos, as palavras precisam também de um período de curtimento. Digamos que, assim como uma planta, ela nasce semente, cresce, floresce e produz seus frutos - nem sempre bons. Tudo pode ser aproveitado de alguma forma para alguma coisa. O sentido só faz sentido se o buscarmos. Talvez a busca seja o próprio sentido, no sentido de que buscando nos desviamos por atalhos sensitivos que nos preparam em "banho-maria", temperando e desengenhando o estável e o improvável.

MAIS

Dizer
Mais do que se possa sentir


Sentir
Mais do que dizer palavras


Olhar
E nada ver


Ver
Além do que se possa olhar


Escrever
Algumas palavras assim


Assim
Mais do que dizê-las


ABANDONO

Abandono

falta de inspiração
más idéias


álcool, gordura e samba

desafino
incanções

Osso do Bagaço


abandono-me

quinta-feira, 11 de janeiro de 2007

JORNADA - PARTE 2 - CAMINHANDO

Já no mais puro desejo de navegar e naugrafar no oceano da trangressão racional, para que assim pudesse ultrapassar um obstáculo emblemático e tão antigo quanto o instinto de reprodução das espécies, eu progressei deixando as primeiras pegadas da minha jornada.


No primeiro altar que subi, pedi à Zaratustra um golpe de luz, que pudesse desencadear minhas mais leves reações e petrificar os sentimentos que poderiam vir à ser minha cruz.


Saindo da região totalmente devastada de idéias, esbarrei num objeto misterioso e reluzente. Era um medalhão dourado. Nele, estava escupido um símbolo e letras à qual não tive menor noção. Guardei-o no peito como se fosse um amuleto de proteção, pois passei a acreditar que assim o fosse.


Retirei das minha tralhas um velho livro, de orelhas grandes, empoeirado, e, o abri de forma simples, na mais subjetiva intenção, prevendo que aquilo seria uma pista para meu próximo passo.


Então, na linearidade - justo aquela que nunca quis - do pensamento momentâneo, joguei o amuleto num lago de percepções reais, mas inexistentes. Deixei fluir somente oxigênio em meu corpo, meditando por alguns minutos, e aceitando mais uma vez meu estado imprevisível de decisão.



JORNADA - PARTE 1 - O COMEÇO

Meu golpe começou a instalar-se com um Distúrbio Bipolar de Animo, e conseqüentemente, acabou levando-me ao óbito do décimo sexto sentido que desenvolveria.

O que poderia agora um Cavalheiro de Verona como eu tentar desfrutar da própria ânsia de escrever elevando apenas o ato de que não decriptei meus rotores cerebrais?

Enquanto todos lá ficaram rodeados de mosaicos, tentando a purificação, eu acreditava [ainda que muito pouco], que o auxílio psicoterápico dos monoteístas, não efetuaria na própria distinção das confrarias dos Nagôs e Yorubas.

Saí em busca do visionário acrônico, que o chamavam de Pentateuco, onde agrega respostas para algumas interrogações crônicas de minha constante jornada.

Todas as pistas que deveriam levar-me ao êxito, me alertaram que o começo seria tão díficil e tão requisitado quanto o meio e fim [se é que assim posso reparti-lo].

No sopé do monte Horebe, logo após o lago de sangue [ou groselha se assim melhorar], recebi apenas mais uma de minhas rotineiras visões que não me esclareciam absolutamente nada.

terça-feira, 9 de janeiro de 2007

REFLEXO SÃO – BOSQUES-LOUCURA-ECO

A loucura é a profundidade abaixo da razão. A razão é a superfície de um lago-idéias-pensamento, que ultrapassada eleva a pressão-ágil-criação, nos libertando da decadência-moral-legal. É o pólen que origina o mel-instinto-inconsciência.




ANSEIO SISTEMÁTICO

Entre intrépidos sabores, o mais distante é o que sinto. Distante no sentido do normal. Normal que é o próximo do que somos — ou do que achamos ser, ou querem que sejamos. Seres impecáveis, implacáveis. Tolos sós. Sentindo a todo instante o sabor do pecado. Se é pecado original ou não? Não sei! O que importa é que nos liberta de um abismo sórdido e moribundo, rodeado de censos-comuns, papais-mamães, e, resultantes da simétrica razão. O sabor provém das misturas-sistêmicas — no amplo sentido da união substancial, porém, conservando suas propriedades específicas, resultando uma diversidade minimamente alcançada, onde o minimamente seja cada vez mais distante.

FLOR-HORMÔNIO

Caiu noite-tensa
Temeu medo-amante
Amou flor-primeira
Floriu essências-poucas

Subiu teto-céu
Serviu corpo-mente
Mentiu instinto-carne
Instituiu sintético-prazer

Desintegrou bruta-matéria
Bravejou presa-dentes
Preveu ferormônio-calor
Morreu gozo-primeiro




UIVOS

Passei pela rua dos prazeres
Roubei da donzela um convencional beijo


Cruzei a ruela afogado de salivas


Li Vatsyayana,
Atingi ao Artha, Dharma e o Kama


Joguei no lixo a imperfeição
Matei todas minhas ânsias


Dormi ao som dos uivos





MATA-VIRGEM-MATO

Não me mato de saudade
Mato-me no mato
Mato, saudade mata
Mata-virgem, mata-saudade
Saudade-morta, virgem-mato
Mata no mato-virgem saudade
Saudade de mato-não-mata
Virgem não mata saudade

quarta-feira, 3 de janeiro de 2007

TOLICE

O abismo das imaginárias e absurdas tolices
Desperta sedentamente o vinho do prazer



Embriaga ao ritmo obsessivo do acaso
Desconserta o caminho restrito de algumas palavras



Abandona o medo convencional crônico
Desobstrui as vias, veias e velhas manias



Mostra um caminho distante apenas da razão
Próximo de um lugar onde inconscientemente desejamos estar