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segunda-feira, 23 de abril de 2007

OSSO E BAGAÇO

Se, destas frases tolas que ouço
houver apenas um trago
da poesia suja que me alimenta
poderei ao menos brindar
a incoerência destes fatos
poderei apenas destilar
o run da ignorância
poderei apenas desligar
o aparelho da sentença


Se, destes olhos fracos que enxergo
houver apenas uma dose
da percepção que me orienta
poderei ao menos escapar
da impotência dos fatos
poderei ao menos segregar
o frasco, a fragrância
poderei ao menos distanciar
o espelho do meu rosto


Se, destas poucas palavras restar apenas eu
fico eu sendo resto delas


fico eu sendo o osso
fico sendo eu o osso e o bagaço

5 comentários:

[jb] jotabê disse...

run é bebida de pirata
cachaça é bebida de pedinte

qual é a bebida do poeta?

[jb]

Anônimo disse...

Eu acho que é o vinho.

Fran Hellmann disse...

Gosto deste amor e desta rendição ás palavras e a sua poesia... Invejo admirada a sensibilidade.


Beijo

Anônimo disse...

A bebida dos poetas é a poesia!
Na abstração do sentido!
Pode tomá-la com limão e gelo, refrigente ou suco, cachaça ou água, vinho ou óleo de cozinha, açucar ou sal, no Japão ou no Nepal, no Brasil ou no Paraguai, pelo nariz ou pela boca, no copo ou na taço, no gargalo ou no canudo, na cabeça ou no ventre...

Zé Eduardo Calcinoni

Anônimo disse...

Belo texto! O seu estilo é vigoroso, rasga as frases e dá primor a elas...