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segunda-feira, 23 de abril de 2007

OSSO E BAGAÇO

Se, destas frases tolas que ouço
houver apenas um trago
da poesia suja que me alimenta
poderei ao menos brindar
a incoerência destes fatos
poderei apenas destilar
o run da ignorância
poderei apenas desligar
o aparelho da sentença


Se, destes olhos fracos que enxergo
houver apenas uma dose
da percepção que me orienta
poderei ao menos escapar
da impotência dos fatos
poderei ao menos segregar
o frasco, a fragrância
poderei ao menos distanciar
o espelho do meu rosto


Se, destas poucas palavras restar apenas eu
fico eu sendo resto delas


fico eu sendo o osso
fico sendo eu o osso e o bagaço

domingo, 22 de abril de 2007

ESPAÇOS VAZIOS (ACIMA DE NOSSOS PÉS E ABAIXO DE NOSSAS CABEÇAS)

Além dos olhos que me guiam todos os dias, e das lembranças fartas de misericórdia, vi, através do mais simples desejo, novas formas de desfrutar diminutos espaços.

Entregue ao compasso desvinculado da razão, saltei sobre a valeta que criava uma divisão em torno de minhas decisões.

Em todos horizontes foi possível descobrir falhas. Espaços vazios camuflados. Lacunas invisíveis. Portas sem trinco. Lugares sem endereço. Palavras ausentes de som e forma.

Diminutos espaços: quase desfrutados.


...

segunda-feira, 9 de abril de 2007

LENTAMENTE

Se o olho não falasse além
e a lentidão que causasse o sentido, porém
não causasse-o somente,
e além não falasse freqüente
todo ser seria existente
no momento, sentido diferente
causar-se-ia uma lombeira
no olho do sentido ausente
que da lentidão de sentir além
lentamente o deixaria crente