Página 161
Desafiaram-me com a devida ressonância.
1ª) Pegar um livro próximo (não vale procurar);
2ª) Ir até a página 161;
3ª) Procurar a 5ª frase completa;
4ª) Postar essa frase em seu blog;
5ª) Não escolher a melhor frase nem o melhor livro;
6ª) Repassar para outros 5 blogs.
E publico o resultado:
"Manuel enrolou a muleta para o touro."
In: Contos de Hernest Hemingway / tradução José J. Veiga. R.J: Bertrand Brasil, 2006.
Esse desafio bate-e-volta, volta ao desafiante, poetaço (mistura de poeta e cabaço) J.B, ao combatente do Baú da poesia, a Casa de Paragens (Rubens da Cunha), para uma criança, e para uma outra desconhecida viciada (conhecida) que descobri por aí.
José Eduardo Calcinoni
Compreende poemas e crônicas que escrevo e mais alguns trechos escolhidos de autores singulares. Disponibilizo esses materiais para leitura, análise, crítica, ou qualquer outra forma de aproveitamento ou desaproveitamento. Como disse Eduardo Galeano, "escrever algo é como colocar alguma coisa dentro de uma garrafa e atirá-la ao mar. A possibilidade de que alguém a recolha é sempre remota." José Eduardo Calcinoni
terça-feira, 27 de novembro de 2007
FARO
Um instinto alto do prazer
debulhado por vasto trago
atitude similar
[peixe magro]
Caminho destilado de versos
silencia o lago
demolidor de pétalas
[olho de gato]
Nuvem magra, dispersa
ofuscante faro
brinde de água benta
[cheiro de mato]
NECROSE
Há uma saída [tentando sair]
(dúvidas encrustadas)
à espera de coragem
há um momento,
perdido (acolhido)
à espera do achado
há um pecado dormido (amanhecido como o café frio)
à espera da viajem
há uma dúvida pregada (estaqueada)
à espera que a ferrugem corroa
há um estranho no ninho (profano)
à espera do novo alibi
há sangue pulsando (alta pressão)
à espera da navalha
há um poeta, ressentido [quase necrosado]
à espera de coisa qualquer
terça-feira, 25 de setembro de 2007
ALGUNS LADOS (MOLDADOS)
Ao lado, nada mais que um gesto simples, dando a entender o que ali se estranhava. Nada menos que o mais simples, pensando em entender o como se entendia. Possibilidades impossíveis, transportando bagagem maior do que suportava. E mesmo quando estranhava, esperava e suportava, estava sempre ao lado.
ME, MIM, COMIGO; SE, SI, CONSIGO...
Esses dias pensei comigo
e de tanto pensar,
nem lembrar eu consigo.
...
e de tanto pensar,
nem lembrar eu consigo.
...
CONCLUSÃO (AINDA QUE AS VERDADES SEJAM MENTIRAS E AS MENTIRAS SEJAM VERDADES)
Algumas verdades são tão inúteis,
que sempre quando as digo,
penso que estou mentindo!
...
que sempre quando as digo,
penso que estou mentindo!
...
segunda-feira, 24 de setembro de 2007
FUNÇÃO
De todas as palavras ditas, apenas uma, somente, foi realmente ouvida. Nada que se falasse naquele momento seria tão relevante quanto aquela única palavra. Cantou-se músicas, leu-se poesias, rezou-se, mas nada, absolutamente, podia substituí-la. Porém, como nada é insubstituível, durou-se apenas aquele momento, e depois vieram outras palavras, em outros momentos, insubstituíveis.
...
...
sexta-feira, 21 de setembro de 2007
ESPAÇO EDUARDO GALEANO
OS SONHOS DO FIM DO EXÍLIO/3
As lentes dos óculos tinham se quebrado, e as chaves tinham se perdido. Ela buscava as chaves pela cidade inteira, às cegas, de joelhos, e quando finalmente as encontrava, as chaves diziam que não serviriam para abrir suas portas.
extraído do Livro dos Abraços
...
quinta-feira, 20 de setembro de 2007
novo, de novo?
O novo
não é mais novo
não tem nada mais
nada de novo
tão novo quanto
a velha dúvida:
Quem nasceu primeiro:
a galinha ou o (n)ovo?
terça-feira, 24 de julho de 2007
Casos e acasos
Acaso nada poder
podendo causar nada
nada poderá causar
Acaso restando nada
restando nada causar
nada causará restar
quarta-feira, 13 de junho de 2007
TRUQUE
MOVIMENTO
Uma montanha se moveu
[pensamento honrou-mérito]
...objeto moveu
[cartas desmancha-castelo]
...olhar moveu
[enviou mensagem-despautério]
..veia moveu
[coração bate-martelo]
...sentimento moveu
[mostrando instante-belo]
[pensamento honrou-mérito]
...objeto moveu
[cartas desmancha-castelo]
...olhar moveu
[enviou mensagem-despautério]
..veia moveu
[coração bate-martelo]
...sentimento moveu
[mostrando instante-belo]
segunda-feira, 14 de maio de 2007
CRIVO
Dentro de toda indiscrição submissa do compromisso altivo e relapso, existe uma severa corrente que produz intolerâncias e discrepâncias relativas.
O complexo é que na alteridade relativamente composta de vicissitudes e turbulências acromáticas, sempre há por vir uma emblemática e solucionática versão.
O fato se escriva do percurso ambulante, podendo em pequenos instantes desvincular a faculdade de racionar do paraíso elevante da insanidade mental.
A possibilidade se altera aos fatores premunidos de aceitação, e eleva o conteúdo estabilizado ao estado de dormência, descobrindo assim, que o caminho inutilizado mais provável nem sempre é o extremo do caminho convencional.
O complexo é que na alteridade relativamente composta de vicissitudes e turbulências acromáticas, sempre há por vir uma emblemática e solucionática versão.
O fato se escriva do percurso ambulante, podendo em pequenos instantes desvincular a faculdade de racionar do paraíso elevante da insanidade mental.
A possibilidade se altera aos fatores premunidos de aceitação, e eleva o conteúdo estabilizado ao estado de dormência, descobrindo assim, que o caminho inutilizado mais provável nem sempre é o extremo do caminho convencional.
segunda-feira, 23 de abril de 2007
OSSO E BAGAÇO
Se, destas frases tolas que ouço
houver apenas um trago
da poesia suja que me alimenta
poderei ao menos brindar
a incoerência destes fatos
poderei apenas destilar
o run da ignorância
poderei apenas desligar
o aparelho da sentença
Se, destes olhos fracos que enxergo
houver apenas uma dose
da percepção que me orienta
poderei ao menos escapar
da impotência dos fatos
poderei ao menos segregar
o frasco, a fragrância
poderei ao menos distanciar
o espelho do meu rosto
Se, destas poucas palavras restar apenas eu
fico eu sendo resto delas
fico eu sendo o osso
fico sendo eu o osso e o bagaço
houver apenas um trago
da poesia suja que me alimenta
poderei ao menos brindar
a incoerência destes fatos
poderei apenas destilar
o run da ignorância
poderei apenas desligar
o aparelho da sentença
Se, destes olhos fracos que enxergo
houver apenas uma dose
da percepção que me orienta
poderei ao menos escapar
da impotência dos fatos
poderei ao menos segregar
o frasco, a fragrância
poderei ao menos distanciar
o espelho do meu rosto
Se, destas poucas palavras restar apenas eu
fico eu sendo resto delas
fico eu sendo o osso
fico sendo eu o osso e o bagaço
domingo, 22 de abril de 2007
ESPAÇOS VAZIOS (ACIMA DE NOSSOS PÉS E ABAIXO DE NOSSAS CABEÇAS)
Além dos olhos que me guiam todos os dias, e das lembranças fartas de misericórdia, vi, através do mais simples desejo, novas formas de desfrutar diminutos espaços.
Entregue ao compasso desvinculado da razão, saltei sobre a valeta que criava uma divisão em torno de minhas decisões.
Em todos horizontes foi possível descobrir falhas. Espaços vazios camuflados. Lacunas invisíveis. Portas sem trinco. Lugares sem endereço. Palavras ausentes de som e forma.
Diminutos espaços: quase desfrutados.
...
Entregue ao compasso desvinculado da razão, saltei sobre a valeta que criava uma divisão em torno de minhas decisões.
Em todos horizontes foi possível descobrir falhas. Espaços vazios camuflados. Lacunas invisíveis. Portas sem trinco. Lugares sem endereço. Palavras ausentes de som e forma.
Diminutos espaços: quase desfrutados.
...
segunda-feira, 9 de abril de 2007
LENTAMENTE
Se o olho não falasse além
e a lentidão que causasse o sentido, porém
não causasse-o somente,
e além não falasse freqüente
todo ser seria existente
no momento, sentido diferente
causar-se-ia uma lombeira
no olho do sentido ausente
que da lentidão de sentir além
lentamente o deixaria crente
domingo, 18 de março de 2007
CUSPE (AINDA MESMO QUE SEQUE A SALIVA)
Ventre sedento gozado de flores
...
saia do tempo teu
cuspa fora teu caos de amores
...
SER (NO AMPLO SENTIDO DO QUE SE PODE SER)
Se ao menos estivesse sendo
todo ser seria sereno
...
brincando de ser nesse mundo pequeno
todo ser seria sereno
...
PERTO-PASSO (PASSANDO À PASSOS LENTOS)
Aperte o passo
passe por perto
por passe-apertado
passo-alerta
passo-aperte
passado por perto
Aperte: passo-forte
passaporte-alerta
passa: porta-apertada
por passado perto
pé-par, por perto
Passo, posso, peça
apertando o passo
pé por perto
passado perto passo
pequeno ex-perto
...
passe por perto
por passe-apertado
passo-alerta
passo-aperte
passado por perto
Aperte: passo-forte
passaporte-alerta
passa: porta-apertada
por passado perto
pé-par, por perto
Passo, posso, peça
apertando o passo
pé por perto
passado perto passo
pequeno ex-perto
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INCIDENTE
Do que vivi, não peço-me desculpas
Do que deixei de viver, acato como potencial
Crio-me ao acreditar na capacidade do entendimento [mesmo sem entendê-lo]
Faço-me de prosas e versos, palavras sintéticas
Sou poeta, na mais pura incompetência de escrever
Numa auto-investigação,
Na psicografia do meu inconsciente
Escrevo-me, sem saber o que escrever
Provoco-me num absorvente sentimento
Falsa intimidade, farta em detalhes
Desdobrada pelo bel prazer de transformar
Escrevo porque organizo meu submundo
Concilio-me com meus fantasmas
Reconstruo-me nas consoantes e vogais
Destroços de verdades naufragadas em correções ortográficas
Que consolidam a quilha do meu barco literal
Veda os furos um a um
Criando um possível acidente na inquietação de minhas idéias
Do que deixei de viver, acato como potencial
Crio-me ao acreditar na capacidade do entendimento [mesmo sem entendê-lo]
Faço-me de prosas e versos, palavras sintéticas
Sou poeta, na mais pura incompetência de escrever
Numa auto-investigação,
Na psicografia do meu inconsciente
Escrevo-me, sem saber o que escrever
Provoco-me num absorvente sentimento
Falsa intimidade, farta em detalhes
Desdobrada pelo bel prazer de transformar
Escrevo porque organizo meu submundo
Concilio-me com meus fantasmas
Reconstruo-me nas consoantes e vogais
Destroços de verdades naufragadas em correções ortográficas
Que consolidam a quilha do meu barco literal
Veda os furos um a um
Criando um possível acidente na inquietação de minhas idéias
VIDE BULA
Não fuja do que tu és. Acalme-se. Busque a vida que a vida lhe buscará. O segredo não está em ir sempre mais fundo no imenso lago. Ele pode estar em vários lugares ao lado de onde você sempre existiu. Em profundidades tão rasas quanto a superfície.
...
quinta-feira, 1 de março de 2007
terça-feira, 13 de fevereiro de 2007
segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007
ROSAS E PROSAS NO VERSO
Rosas e prosas no verso
exaltantes olhos brilhantes
lábios cortantes e incertos
distraindo momentos-intantes
Essência central descentrada
unidade do universo-sentimento
necessidade de purificação travada
finito-infinito em momentos
Impulso irracional insatisfeito
necessidade tragicamente enganosa
finalidade fundamental de direito
fábula fascinante em prosa
Crítica irredutivelmente realista
alienação de desejos e esperanças
enigma da existência monoteísta
hierarquia-guia do homem-criança
Pleno, autêntico e carnal
redutor propositalmente ofuscado
direção especulativa anti-material
encontro sálvico consagrado
Perpectiva pessimista e conflitante
série de contradições inextricáveis
fraternidade universal intrigante
fecundidade de gerações implacáveis
Limitante da liberdade alheia
inesperança sem lógica e sujeição
impessoalidade celebrando ceia
ao bem, à beleza, doce-paixão
Ciência sem ciência, universo latente
paixão-tendência da ação imoral
caridade oculta: quando não se entende
repouso de paz, além-carnal
Lealdade sagrada, força da profecia
condução à vida bem-aventurada
indiscrição sedativa da noite-dia
posse inevitável, frustrada
Finalidade principal da lei divina
semelhança com efeitos submersos
manual de poesia que ensina
rosas e prosas no verso
...
exaltantes olhos brilhantes
lábios cortantes e incertos
distraindo momentos-intantes
Essência central descentrada
unidade do universo-sentimento
necessidade de purificação travada
finito-infinito em momentos
Impulso irracional insatisfeito
necessidade tragicamente enganosa
finalidade fundamental de direito
fábula fascinante em prosa
Crítica irredutivelmente realista
alienação de desejos e esperanças
enigma da existência monoteísta
hierarquia-guia do homem-criança
Pleno, autêntico e carnal
redutor propositalmente ofuscado
direção especulativa anti-material
encontro sálvico consagrado
Perpectiva pessimista e conflitante
série de contradições inextricáveis
fraternidade universal intrigante
fecundidade de gerações implacáveis
Limitante da liberdade alheia
inesperança sem lógica e sujeição
impessoalidade celebrando ceia
ao bem, à beleza, doce-paixão
Ciência sem ciência, universo latente
paixão-tendência da ação imoral
caridade oculta: quando não se entende
repouso de paz, além-carnal
Lealdade sagrada, força da profecia
condução à vida bem-aventurada
indiscrição sedativa da noite-dia
posse inevitável, frustrada
Finalidade principal da lei divina
semelhança com efeitos submersos
manual de poesia que ensina
rosas e prosas no verso
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DÍVIDAS
Frisei as garras do ódio
joguei fora verdades
Apostei todos dados
sem saber os problemas
Tudo fez-se de conta:
fiz do medo ópio
joguei fora verdades
destilei-me à cortes
Apostei todos dados
vinguei soluções
sem saber os problemas
desfragmentei meus átomos
Tudo fez-se de conta:
e as contas todas foram pagas
...
sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007
quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007
segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007
VIDA DO EU
Mais um dia na vida do Eu:
um sonho assim nasceu
sem Ninguém desconfiar
mesmo Ninguém sendo Eu
Alguém foi alcançar
Sonhou assim como Eu
mas Ninguém quis acreditar
que Alguém assim como Eu
pudesse assim sonhar
Então, mais um sonho na vida do Eu
foi se realizar
Sem Ninguém atrapalhar
sem Alguém mal olhar
Do sonho que assim nasceu
só restará
Ninguém, Alguém
assim como Eu
DO MAR...
Mar imenso-aberto
ondas destino-coração
gosto sabor-mistério
sonho em mãos pegá-lo
--------------------------------
O mar é como se fosse proporcionalmente o inverso de um soro caseiro:
já possui a água com uma colher de sal,
esperando-nos como uma pitada de açucar.
---------------------------------
O mar
sete ondas numa vida
seio farto
mar
horizonte despedida
---------------------------------
Mar
pai-avô-filho
lembrança-rede-peixe
segredo-morte-vida
remédio-olho-alma
...
ondas destino-coração
gosto sabor-mistério
sonho em mãos pegá-lo
--------------------------------
O mar é como se fosse proporcionalmente o inverso de um soro caseiro:
já possui a água com uma colher de sal,
esperando-nos como uma pitada de açucar.
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O mar
sete ondas numa vida
seio farto
mar
horizonte despedida
---------------------------------
Mar
pai-avô-filho
lembrança-rede-peixe
segredo-morte-vida
remédio-olho-alma
...
A epilepsia de um tom qualquer
Mãos nas cordas
cordas vocais não falham
notas, passam, passam
suaves, agudas, estranhas
relaxo em si
espelho do sol
ardente sem dó
(enquanto isso)
eletrizam escamas dormentes
...
quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007
quarta-feira, 31 de janeiro de 2007
OUSADIA
Brinde ao som das borboletas
pairando sobre a gravidade
estetizando céu adentro
desenhando o ar
desfrutando liberdade
E para os leigos:
Quem ousará dizer que foi lagarta?
terça-feira, 30 de janeiro de 2007
DA SAUDADE...
Saudade corta-lábios
beijos boca-tesão
cheiro mel-suor
desejo pecado-carne
************************
Saudade é o tempo
tempo que não passa
enquanto passa o tempo
************************
Saudade morta-mata
sentido vivo-viva
sentido morte-mata
saudade vide-vida
************************
Saudade
espinho crú de nervo e calo
pote d'água sem gargalo
Saudade
truque de carta fora do baralho
************************
Saudade
lembranças cristalinas
bomba sem efeito moral
ineficácia do poder
saudade
hino impossível de esquecer
segunda-feira, 29 de janeiro de 2007
GOTAS DE ORVALHO
O sol se revalida
ao céu pede carona
enquanto caem gotas de orvalho
sobre pés descalços
rachados pelo esforço diário
quando nada mais se encanta
sob a totalidade nada se distrai
me lembro quando criança
brincar de olhar o sol nascer
ao longo da mansidão
luz que irradiava
aquecia a alma
enquanto isso
caiam gotas de orvalho
sexta-feira, 26 de janeiro de 2007
TRANSE 3 (UM DIA, DEPOIS DA CRIAÇÃO)
Descendo ao paraíso
profundamente imaginário,
comi a maçã
arrotei Eva.
CAMUFLAGEM
Escalei o morro dos sonhos
procurando o paraíso
no primeiro dia
o pecado bateu à porta
entrou aos olhares primeiros
conspirou sob dermes e salivas
abusou do meu eu
Sussurrou pelos lábios dela
transpirando prazeres
E como fiel seguidor dionisíaco
não rejeitei-me ao acaso
bulinei-me corpo e mente
afoguei meu ego
demasiadamente afinei meu instinto
no mar vermelho da sedução
mergulhando entre libidos e ilusões
fascinando aparentemente minha razão
que se destruía com a metástase ardente
e assim foi
camuflando-se
entorpecendo-me com o gosto passional do desejo
segunda-feira, 22 de janeiro de 2007
REFLEXÃO - DESENCADEADO
Procuro não prender-me a um só estilo. Prefiro arriscar-me ao anticonvencionalismo, ao pacto com as idéias não-concebidas e aparentemente distantes. Acredito que o grande barato da poesia é ausentar-se de regras. É tão fácil copiar estilos ao invés de tentar criá-los, encontrar erros ao invés de tentar entendê-los, calar-se ao invés de arriscar-se, dificultar-se. Tão cômodo ter senso comum. O experimentar pode ser a chave para a inovação perceptiva, desencadeando uma abertura atemporal de qualquer estabilidade racional.
José Eduardo Calcinoni
OUTROS
Outro este? Porque não?
Se acaso fosse outro, igual não seria?
Se igual fosse outro, como explicaria?
Cópias? Outros como outros?
Mas se outros como outros:
A essência sobreviveria?
quarta-feira, 17 de janeiro de 2007
RESPOSTA
Essa fonte de idéias que gera a arte de escrever nem parece às vezes que é inesgotável. Os black-out's mentais ocorrem freqüentemente no cérebro poético. Há horas, dias, meses, que às vezes passam em vão. Mas será que realmente passam em vão? Muitas idéias precisam de um período mínimo de gestação, seja no inconsciente, ou seja, informações já escritas e armazenadas. Assim como as fétidas fezes de alguns animais se transformam em poderosos e incomparáveis adubos, as palavras precisam também de um período de curtimento. Digamos que, assim como uma planta, ela nasce semente, cresce, floresce e produz seus frutos - nem sempre bons. Tudo pode ser aproveitado de alguma forma para alguma coisa. O sentido só faz sentido se o buscarmos. Talvez a busca seja o próprio sentido, no sentido de que buscando nos desviamos por atalhos sensitivos que nos preparam em "banho-maria", temperando e desengenhando o estável e o improvável.
MAIS
Dizer
Mais do que se possa sentir
Sentir
Mais do que dizer palavras
Olhar
E nada ver
Ver
Além do que se possa olhar
Escrever
Algumas palavras assim
Assim
Mais do que dizê-las
ABANDONO
Abandono
falta de inspiração
más idéias
álcool, gordura e samba
desafino
incanções
Osso do Bagaço
abandono-me
quinta-feira, 11 de janeiro de 2007
JORNADA - PARTE 2 - CAMINHANDO
Já no mais puro desejo de navegar e naugrafar no oceano da trangressão racional, para que assim pudesse ultrapassar um obstáculo emblemático e tão antigo quanto o instinto de reprodução das espécies, eu progressei deixando as primeiras pegadas da minha jornada.
No primeiro altar que subi, pedi à Zaratustra um golpe de luz, que pudesse desencadear minhas mais leves reações e petrificar os sentimentos que poderiam vir à ser minha cruz.
Saindo da região totalmente devastada de idéias, esbarrei num objeto misterioso e reluzente. Era um medalhão dourado. Nele, estava escupido um símbolo e letras à qual não tive menor noção. Guardei-o no peito como se fosse um amuleto de proteção, pois passei a acreditar que assim o fosse.
Retirei das minha tralhas um velho livro, de orelhas grandes, empoeirado, e, o abri de forma simples, na mais subjetiva intenção, prevendo que aquilo seria uma pista para meu próximo passo.
Então, na linearidade - justo aquela que nunca quis - do pensamento momentâneo, joguei o amuleto num lago de percepções reais, mas inexistentes. Deixei fluir somente oxigênio em meu corpo, meditando por alguns minutos, e aceitando mais uma vez meu estado imprevisível de decisão.
No primeiro altar que subi, pedi à Zaratustra um golpe de luz, que pudesse desencadear minhas mais leves reações e petrificar os sentimentos que poderiam vir à ser minha cruz.
Saindo da região totalmente devastada de idéias, esbarrei num objeto misterioso e reluzente. Era um medalhão dourado. Nele, estava escupido um símbolo e letras à qual não tive menor noção. Guardei-o no peito como se fosse um amuleto de proteção, pois passei a acreditar que assim o fosse.
Retirei das minha tralhas um velho livro, de orelhas grandes, empoeirado, e, o abri de forma simples, na mais subjetiva intenção, prevendo que aquilo seria uma pista para meu próximo passo.
Então, na linearidade - justo aquela que nunca quis - do pensamento momentâneo, joguei o amuleto num lago de percepções reais, mas inexistentes. Deixei fluir somente oxigênio em meu corpo, meditando por alguns minutos, e aceitando mais uma vez meu estado imprevisível de decisão.
JORNADA - PARTE 1 - O COMEÇO
Meu golpe começou a instalar-se com um Distúrbio Bipolar de Animo, e conseqüentemente, acabou levando-me ao óbito do décimo sexto sentido que desenvolveria.
O que poderia agora um Cavalheiro de Verona como eu tentar desfrutar da própria ânsia de escrever elevando apenas o ato de que não decriptei meus rotores cerebrais?
Enquanto todos lá ficaram rodeados de mosaicos, tentando a purificação, eu acreditava [ainda que muito pouco], que o auxílio psicoterápico dos monoteístas, não efetuaria na própria distinção das confrarias dos Nagôs e Yorubas.
Saí em busca do visionário acrônico, que o chamavam de Pentateuco, onde agrega respostas para algumas interrogações crônicas de minha constante jornada.
Todas as pistas que deveriam levar-me ao êxito, me alertaram que o começo seria tão díficil e tão requisitado quanto o meio e fim [se é que assim posso reparti-lo].
No sopé do monte Horebe, logo após o lago de sangue [ou groselha se assim melhorar], recebi apenas mais uma de minhas rotineiras visões que não me esclareciam absolutamente nada.
O que poderia agora um Cavalheiro de Verona como eu tentar desfrutar da própria ânsia de escrever elevando apenas o ato de que não decriptei meus rotores cerebrais?
Enquanto todos lá ficaram rodeados de mosaicos, tentando a purificação, eu acreditava [ainda que muito pouco], que o auxílio psicoterápico dos monoteístas, não efetuaria na própria distinção das confrarias dos Nagôs e Yorubas.
Saí em busca do visionário acrônico, que o chamavam de Pentateuco, onde agrega respostas para algumas interrogações crônicas de minha constante jornada.
Todas as pistas que deveriam levar-me ao êxito, me alertaram que o começo seria tão díficil e tão requisitado quanto o meio e fim [se é que assim posso reparti-lo].
No sopé do monte Horebe, logo após o lago de sangue [ou groselha se assim melhorar], recebi apenas mais uma de minhas rotineiras visões que não me esclareciam absolutamente nada.
terça-feira, 9 de janeiro de 2007
REFLEXO SÃO – BOSQUES-LOUCURA-ECO
A loucura é a profundidade abaixo da razão. A razão é a superfície de um lago-idéias-pensamento, que ultrapassada eleva a pressão-ágil-criação, nos libertando da decadência-moral-legal. É o pólen que origina o mel-instinto-inconsciência.
ANSEIO SISTEMÁTICO
Entre intrépidos sabores, o mais distante é o que sinto. Distante no sentido do normal. Normal que é o próximo do que somos — ou do que achamos ser, ou querem que sejamos. Seres impecáveis, implacáveis. Tolos sós. Sentindo a todo instante o sabor do pecado. Se é pecado original ou não? Não sei! O que importa é que nos liberta de um abismo sórdido e moribundo, rodeado de censos-comuns, papais-mamães, e, resultantes da simétrica razão. O sabor provém das misturas-sistêmicas — no amplo sentido da união substancial, porém, conservando suas propriedades específicas, resultando uma diversidade minimamente alcançada, onde o minimamente seja cada vez mais distante.
FLOR-HORMÔNIO
Caiu noite-tensa
Temeu medo-amante
Amou flor-primeira
Floriu essências-poucas
Subiu teto-céu
Serviu corpo-mente
Mentiu instinto-carne
Instituiu sintético-prazer
Desintegrou bruta-matéria
Bravejou presa-dentes
Preveu ferormônio-calor
Morreu gozo-primeiro
UIVOS
Passei pela rua dos prazeres
Roubei da donzela um convencional beijo
Cruzei a ruela afogado de salivas
Li Vatsyayana,
Atingi ao Artha, Dharma e o Kama
Joguei no lixo a imperfeição
Matei todas minhas ânsias
MATA-VIRGEM-MATO
Não me mato de saudade
Mato-me no mato
Mato, saudade mata
Mata-virgem, mata-saudade
Saudade-morta, virgem-mato
Mata no mato-virgem saudade
Saudade de mato-não-mata
Virgem não mata saudade
Mato-me no mato
Mato, saudade mata
Mata-virgem, mata-saudade
Saudade-morta, virgem-mato
Mata no mato-virgem saudade
Saudade de mato-não-mata
Virgem não mata saudade
quarta-feira, 3 de janeiro de 2007
TOLICE
O abismo das imaginárias e absurdas tolices
Desperta sedentamente o vinho do prazer
Embriaga ao ritmo obsessivo do acaso
Desconserta o caminho restrito de algumas palavras
Abandona o medo convencional crônico
Desobstrui as vias, veias e velhas manias
Mostra um caminho distante apenas da razão
Próximo de um lugar onde inconscientemente desejamos estar
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