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quarta-feira, 6 de dezembro de 2006

COGUMELO PLATÔNICO

Mas afinal o que é o amor?
Um tema filosófico, teológico, artístico, místico?
O escrevemos, pensamos, falamos, sentimos?


Alguns pensadores consideram o amor como uma dimensão exclusivamente humana. Outros vão mais além utilizando determinação do divino como fundamentação, principalmente do seu lado dito positivo — relacionado ao amor de Deus e a sua importância para alcançar a salvação.

Platão foi o primeiro pensador ocidental capaz de elaborar uma reflexão específica e ampla sobre o assunto — que até hoje é inevitável termo de referência.

Em sua concepção o amor é uma força grande e poderosa que se caracteriza no impulso que se dá ao ser humano sinceramente sedento de sabedoria, e por isso dócil a tal impulso, a fim de superar as baixezas da vida material e da experiência sensível para elevar-se rumo às alturas do mundo ideal situado além do mundo físico, onde, segundo Platão, residem a Beleza, a Verdade e o Bem na sua pureza perfeição.

Para Platão o amor significa a disposição para elevar-se em busca do que é eterno, perfeito e imutável. Neste sentido o “amor platônico” revela a sua natureza essencialmente filosófica. Esse amor lança uma ponte entre o universo sensível e o universo puramente inteligível, entre o universo corpóreo e o espiritual, entre o relativo e o absoluto, entre o contingente e o necessário, entre o particular e o universal.

Sendo assim, a condição humana é caracterizada por uma espécie de escravidão da alma em relação ao corpo. O amor, porém, poderá ajudar a alma a reconquistar a sua posição primitiva e originária, contanto que as paixões não ofusquem demasiadamente seu lado positivo, isto é, um lado que, ao contrário, é justamente capaz de exaltar sobremaneira, possibilitando de fato a reunificação da alma com a trancedência.

Se o amor é somente um assunto relacionado à especulação teológica, não sei. Sei que todos os filósofos direcionam atenção especial. Sei que movimenta nossas mais diversas espectativas.


“O amor Platônico é cogumelo:
nasce, cresce,
suas propriedades criam pontes entre universos”

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