O que muda na mudança
se tudo em volta é uma dança
no trajeto da esperança
junto ao que nunca se alcança?
Compreende poemas e crônicas que escrevo e mais alguns trechos escolhidos de autores singulares. Disponibilizo esses materiais para leitura, análise, crítica, ou qualquer outra forma de aproveitamento ou desaproveitamento. Como disse Eduardo Galeano, "escrever algo é como colocar alguma coisa dentro de uma garrafa e atirá-la ao mar. A possibilidade de que alguém a recolha é sempre remota." José Eduardo Calcinoni
quarta-feira, 13 de dezembro de 2006
LENDA QUE VIROU LENHA OU LENHA QUE VIROU LENDA?
Lá, daquela árvore
que caiu a casca
soltou a tinta
que pintou o pano
tingiu a rede
Lá, daquela árvore
que virou lenha
INCERTO
Orgasmo direto do sujeito composto
sentido no vácuo do pretérito perfeito
ouvido na imperfeição
do verbo intransitivo direto
Esquecido pelo sujeito simples
lembrado pelo superlativo oculto
absoluto num só instante
não é démodé nem moderno
Modernidade escrota entravada teoricamente
reduzida ao ninho na tocaia do vazio
reduto acéfalo bulinado
pela proeza do que se diz esperto
Artifício do provérbio babilônico naufragado
masturbado na massa cinzenta diluída
inutilidade contrária
ao raciocínio sequelado e incerto
segunda-feira, 11 de dezembro de 2006
quarta-feira, 6 de dezembro de 2006
BAGAÇO
Que vida é essa?
Quanto poder de nada poder?
Carona com a solidão
Destino aberto
Bagaço de idéias furtas
Vida, vida, amada vida
Ama-me e não traia-me
PACTO
Descabido pensamento
Inconstante pecado
Rodeia-me com fogo
Trata-me como escravo
Concede-me ao jogo
Sublime pacto
corpo e mente
NÃO DEIXE EM VÃO
Tanto tempo longe
Tampouco para estar lá
Tão perto sempre
Parece não estar
Tempos longos e distantes
Tempos sem se achar
Às vezes o instante de agora
O melhor tempo
Como se fosse inevitável
Único, descobrir
Não o faça amanhã
Hoje, não deixe em vão
Tampouco para estar lá
Tão perto sempre
Parece não estar
Tempos longos e distantes
Tempos sem se achar
Às vezes o instante de agora
O melhor tempo
Como se fosse inevitável
Único, descobrir
Não o faça amanhã
Hoje, não deixe em vão
COGUMELO PLATÔNICO
Mas afinal o que é o amor?
Um tema filosófico, teológico, artístico, místico?
O escrevemos, pensamos, falamos, sentimos?
Um tema filosófico, teológico, artístico, místico?
O escrevemos, pensamos, falamos, sentimos?
Alguns pensadores consideram o amor como uma dimensão exclusivamente humana. Outros vão mais além utilizando determinação do divino como fundamentação, principalmente do seu lado dito positivo — relacionado ao amor de Deus e a sua importância para alcançar a salvação.
Platão foi o primeiro pensador ocidental capaz de elaborar uma reflexão específica e ampla sobre o assunto — que até hoje é inevitável termo de referência.
Em sua concepção o amor é uma força grande e poderosa que se caracteriza no impulso que se dá ao ser humano sinceramente sedento de sabedoria, e por isso dócil a tal impulso, a fim de superar as baixezas da vida material e da experiência sensível para elevar-se rumo às alturas do mundo ideal situado além do mundo físico, onde, segundo Platão, residem a Beleza, a Verdade e o Bem na sua pureza perfeição.
Para Platão o amor significa a disposição para elevar-se em busca do que é eterno, perfeito e imutável. Neste sentido o “amor platônico” revela a sua natureza essencialmente filosófica. Esse amor lança uma ponte entre o universo sensível e o universo puramente inteligível, entre o universo corpóreo e o espiritual, entre o relativo e o absoluto, entre o contingente e o necessário, entre o particular e o universal.
Sendo assim, a condição humana é caracterizada por uma espécie de escravidão da alma em relação ao corpo. O amor, porém, poderá ajudar a alma a reconquistar a sua posição primitiva e originária, contanto que as paixões não ofusquem demasiadamente seu lado positivo, isto é, um lado que, ao contrário, é justamente capaz de exaltar sobremaneira, possibilitando de fato a reunificação da alma com a trancedência.
Se o amor é somente um assunto relacionado à especulação teológica, não sei. Sei que todos os filósofos direcionam atenção especial. Sei que movimenta nossas mais diversas espectativas.
“O amor Platônico é cogumelo:
nasce, cresce,
suas propriedades criam pontes entre universos”
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