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sexta-feira, 30 de julho de 2010

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"Navigare necesse; vivere non est necesse".



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A antítese do novo e do obsoleto
O amor e a paz, o ódio e a carnificina
O que o homem ama e que o homem abomina
Tudo convém para o homem ser completo.

(Augusto dos Anjos)

terça-feira, 27 de julho de 2010



"Tupi or not tupi, that is the question."

(O.A)



Sobre o sentido

O sentido, acho, é a entidade mais misteriosa do universo.
Relação, não coisa, entre a consciência, a vivência e as coisas e os eventos.
O sentido dos gestos. O sentido dos produtos. O sentido do ato de existir.
Me recuso a viver num mundo sem sentido.
Pois isso é próprio da natureza do sentido: ele não existe nas coisas, tem que ser buscado, numa busca que é sua própria fundação.
Só buscar o sentido faz, realmente, sentido.
Tirando isso, não tem sentido.

(Paulo Leminski)


A VERDADE DO POETA

Quando um poeta diz à uma mulher que a ama,
Quase sempre está dizendo uma verdade,
Os poetas não mentem, e sabem que o amor é chama,
E amam intensamente, mas com uma dose de leviandade.

Dirás então que o poeta é sempre um leviano,
Mas tu erras em teu precipitado julgamento,
O poeta é um pouco mais que um ser humano,
Algo de divino está presente em seu pensamento.

Que mal há em amar então muitas mulheres
Se para isso é que elas foram feitas;
Mulheres são como flores, para serem colhidas,
Admiradas, cheiradas, serem belas e perfeitas.

Não há traição, portanto, nas intenções de um poeta,
Muitos de seus amores não passam de um sonho.
É que amar a beleza da mulher é sua grande meta,
E eu ponho minha mão no fogo por isso, juro que ponho.

A mulher que tiver um marido poeta, amante ou namorado,
Sem dúvida será uma mulher extremamente amada;
Pois o poeta entrega sua alma quando se diz apaixonado,
Entrega-se tanto a ela que nunca lhe faltará nada.

Mas se as mulheres forem daquelas que de tão ciumentas,
São capazes de exigirem mais atenção e exclusividade,
O poeta sente-se como se estivesse ardendo entre pimentas,
E desiste daquele amor e parte sem sentir saudade.

Não se zanguem, portanto, mulheres de minha vida;
Aceitem esta leviandade romântica e apaixonada,
Pois estarão mais seguras, amadas do que perdidas,
E é muito melhor ter só uma parte do que não ter nada.


(Ivan Jubert Guimarães)

Estilhaço

Sou poeta. Realista. Real como sou, mas não como sou poeta. Agressivo e meio estranho. Talvez normal - pouca pinta de mal. Simples. Na simplicidade que penso. Ilusionista. Um pouco rouco. Leio gibi e revista pouco. Amargo. Ouro e escarro. Poeta? Que sarro! Um caminho atrás. Já ouviu falar de amor? Ouvirás. Precoce. Transpiro e inspiro. Espirro e tosse. Na droga do pensamento. Careta. O que vale pode ser momento. E desse, apenas meio. Inteiro? Devaneio. O que vejo é o que veem. Não enxergam? Creem? E agora o que faço? Nada! Estilhaço. Não me lembro. Penso, logo existo. Ou existo porque penso? Esse caminho é uma jogada pouco estranha. Fácil. Se não se acerta, ao menos arranha.



quinta-feira, 15 de julho de 2010

Nem sempre mudam as estradas
(De repente, a forma de se caminhar nelas?)

É preciso observar, sentir, sonhar, seguir...
Criar o que para muitos sempre esteve pronto.
(Destino?)

quarta-feira, 14 de julho de 2010

1/2 - 1/2 - 1/2


Eu procuro alguém que na vida me satisfaça

A metade da metade da metade
dos meus sonhos

A metade da metade da metade
dos meus desejos

A metade da metade da metade
dos meus prazeres

A metade da metade da metade deles.

E mesmo assim, com minha procura
não me satisfaço só com metades
(sempre busco outras metades)

Mas elas só serão metades das metades das metades
(somente metades)

com isso, acabo me dividindo sempre em mais metades


sexta-feira, 9 de julho de 2010

SEGREDO (Carlos Drummond de Andrade)

A poesia é incomunicável.
Fique torto no seu canto.
Não ame.

Ouço dizer que há tiroteio
ao alcance do nosso corpo.
É a revolução? o amor?
Não diga nada.

Tudo é possível, só eu impossível.
O mar transborda de peixes.
Há homens que andam no mar
como se andassem na rua.
Não conte.

Suponha que um anjo de fogo
varresse a face da terra
e os homens sacrificados
pedissem perdão.
Não peça.